Nos mudamos a Dossier Geopolítico

27 de febrero de 2010

Entrevista de "eBand"



Entrevista que publicara el multimedios Brasilero eBand (Red Bandeirante) sobre el conflicto entre Argentina y el Reino Unido de Gran Bretaña y como el mismo afecta al Continente Suramericano.


Lic. Carlos Pereyra Mele



Disputa das Malvinas coloca à prova unidade regional


Sábado, 27 de fevereiro de 2010



Por Marsílea Gombata


mundo@eband.com.br



A escalada e subida de tom entre Argentina e Reino Unido em torno das Ilhas Malvinas, mais do que ressuscitar um conflito que remonta ao século 19, coloca à prova a capacidade do mundo em mediar uma crise e impedir a guerra. A disputa passa das mãos argentinas e testa a força da unidade sul-americana.



A observação é feita pelo Carlos Alberto Pereyra Mele, analista político argentino especialista em geopolítica sul-americana. De Córdoba, o especialista falou ao eBand sobre os interesses envolvidos na disputa, por que o conflito deve ir além da busca por petróleo e como não existem mediadores neutros para a questão.



Ressaltou ainda que os territórios clamados pela Argentina - onde estima-se que há cerca de 18 bilhões de barris de petróleo - são reconhecidos pela União Europeia como parte do bloco europeu, ainda que extracontinentais.



eBand - O que acontece hoje nas Malvinas?



Carlos Alberto Pereyra Mele - A região hoje está inserida em um novo conflito mundial do século 21, que diz respeito a um controle dos recursos naturais por parte das potências Estados Unidos, União Europeia e Japão contra os emergentes China, Rússia e Brasil.



A Otan reconheceu as Malvinas como uma das mais importantes bases militares fora da Europa, recentemente reforçada com o envio de aviões militares de última geração.



Além disso, as Ilhas Malvinas e as ilhas do Atlântico Sul foram incluídas pela Inglaterra dentro do Tratado de Lisboa, o que indica que o bloco europeu reconhece como membros esses territórios extracontinentais da Europa.



A Argentina apresentou as oposições correspondentes nos foros europeus de que seu território e sua plataforma marítima estão em litígio. Junto às Nações Unidas, os britânicos pretendem incorporar as 350 milhas náuticas ao redor dessas ilhas para controle e exploração. Trata-se do maior litígio de fronteira marítima que existe no mundo atualmente. Estamos falando de 3 milhões de km² de território ricos em alimentos, minerais e biodiversidade.




eBand – O que acontece hoje é diferente da guerra que se deu no anos 80?



Pereyra Mele - A guerra de 1982 se deu em outro contexto histórico, o da Guerra Fria, da ditadura militar na Argentina, do início do processo de globalização neoliberal que teve Margaret Thatcher como expoente da linha que acabou sendo aprovada pelos EUA, com Ronald Reagan na Presidência. Hoje a Argentina carece de recursos tanto técnicos quanto militares para um conflito de alta intensidade como uma guerra.




eBand – Quem deu início à atual disputa?



Pereyra Mele - A disputa atual é muito velha, com início na separação da Argentina da Espanha, que esteve em quatro guerras contra a Inglaterra no século 19.



As ilhas foram invadidas pelo ingleses e depois acabaram esquecidas por Londres que não lhe deu muita atenção, até chegar a escassez britânica de seus poços no Mar do Norte.




eBand – No caso de uma guerra hoje, está claro que o Reino Unido sairia como vitorioso?



Pereyra Mele – Evidentemente que a Argentina hoje não tem condição alguma de combater as forças do Reino Unido e da Otan, devido ao desmantelamento de seu complexo industrial militar e a redução de suas Forças Armadas e efetivos hoje quase simbólicos.




eBand – O que está em jogo nas Malvinas hoje além do petróleo?



Pereyra Mele – As Malvinas são a chave para o controle do tráfico marítimo do Atlântico Sul entre os oceanos, o estreito de Drake e o de Magalhães. Além disso, têm uma projeção muito especial sobre o útimo continente não explorado até agora, a Antártida.




eBand - O que aconteceu para uma corrida pelo petróleo das Malvinas agora?



Pereyra Mele - Assim como o Brasil encontrou grandes reservas mar adentro é quase certo que no Mar Argentino e entorno das ilhas existam grandes depósitos de recurso naturais. A Argentina tem de convidar o Brasil, a Venezuela e algum outro interessado, como o Chile, a explorar os territórios que não estão em disputa nesse momento e desenvolver uma política eficaz e moral sobre tais recursos.




eBand – A busca pelos recursos da região é justificada ou trata-se de um exagero?



Pereyra Mele – Trata-se de mais que uma grande disputa territorial entre Argentina e Reino Unido. Quem introduziu o tema bélico foram os britânicos ao fazer declarações de que as “ilhas estão bem preparadas para a defesa”, mesmo depois de estipulado o tratado de paz entre Argentina e Reino Unido em 1990.



Por outro lado, a Argentina pôs em marcha um decreto de difícil cumprimento, que é impedir que navios transitem entre portos da Argentina continental e das Malvinas sem permissão das autoridades.




eBand – Quais são os possíveis mediadores para essa crise diplomática?



Pereyra Mele – A mediação é difícil porque os EUA, que integram a Otan, e o Canadá são sócios em muitos empreendimentos. A única mediação que me parece possível teria de surgir de novos poderes mundiais, como a Unasul, a quem a Argentina teria de oferecer a possibilidade de sociedade em novos empreendimentos para explorar os recursos naturais.




eBand – Quais os próximos capítulos da crise?



Pereyra Mele - A crise continuará, pois depois do imbróglio em torno do petróleo virá o controle da plataforma submarina e, mais para frente, o tempo de controle e exploração dos recursos da Antártida.




eBand - Como a disputa pode ser finalizada?



Pereyra Mele - A disputa não é mais Argentina, e passa a colocar à prova a unidade da América do Sul, o Mercosul e a própria Unasul.



Publicado en: http://www.band.com.br/jornalismo/mundo/conteudo.asp?ID=269997


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